Tropecei nesta imagem num blog (aguasulfurosa.blogspot.com) e como 'tava inspirado deu-me para dissertar e do comentário nasceu matéria para um post digno de discussão... por isso ofereço o comentário para discussão
«Eu, eh!... nem por isso! Hoje sinto-me inspirado e a modo de introdução como seguidor do seu blogue gostava de entaramelar uma dissertação sobre a frase, no sentido de entender o seu endorso a esta frase :D
Pontos prévios:
1.Considero amar usado na frase na condição ampla de compreender, interactuar, de forma aprazível, simbiótica e construtiva...não no sentido bíblico -> "Thou shall love your neighbour as yourself" (não sei qual o background histórico da mesma e é difícil imaginar o contexto pensando no Henry Ford como empresário que criou a Ford)[, nem no sentido estricto do amor que une almas gémeas :p]
2.Não sou individualista, pelo contrário sou a favor da globalização do indivíduo para que este se insira numa sociedade cosmopolita e rica nas suas diferenças, e por isso mesmo defendo que esta deve ser levada a cabo com o respeito das diferenças. (o que também é o motivo do comentário)
Do alto da minha inexperiência social vou constatando que as pessoas fora do foco multitudinário que constitui o povo revelam-se mais genuínas e interessantes, e as vicissitudes, diferenças ou clivagens que também se manifestam de forma mais intensa, não devem, no meu entender e no sentido amplo do amar, que é usado nesta frase, servir de barreira! Pelo contrário a elevação da convivência, baseia-se na capacidade de enfrentar essas mesmas diferenças com espírito crítico retirando de cada embate ideológico, cultural, social, com características menos do nosso agrado, das duas, uma:
- A confirmação das nossas características, elevando a nossa posição em relação a elas com novos argumentos que surgem desses embates
- A reapreciação da nossa visão contrastada em argumentação franca e aberta.
Afinal é mais difícil entender o descerebrado movimento de massas que está patente nas expressões sociais do que analisar neste ou naquele "próximo" atitudes negativas, mas que no fundo o definem como pessoa! Quero dizer, a generalização do comportamento do povo como colectivo implica a aceitação das atitudes deste como expressão da maioria dos seus intervenientes, pelo que o sentimento em relação ao todo caracteriza-se pela aceitação ou não da maioria em detrimento do processo que leva as partes que o constituem, ou seja perde-se a possibilidade de aprender com a discussão que leva à expressão por nós analisada.
Sei que hoje em dia a argumentação/tertúlia/dialéctica, são cada vez mais artes esquecidas e empurradas para meios virtuais no sentido de produzir aos olhos das massas as orientações que facilmente digerem e introduzem no seu dia-a-dia como escala de valores, mas creio que precisamente por isso, por essa falta de ferramentas sociais se torna mais complicado as pessoas terem a capacidade de ver no próximo um contacto beneficioso quando se augura nesta a negação daquilo que nos caracteriza.
Transpondo isto para a realidade e usando como exemplo a política, é-me complicado entender o resultado das eleições autárquicas a que assistimos pelo todo expressão da maioria, que se dela tentasse extrair uma opinião geral desenvolveria um sentimento negativo e marginalizaria a representação daqueles que por estar em minoria se negam a compactuar com as atitudes que levarão a este resultado! No entanto aceito e desenvolvo relações com pessoas que compõem e inclusive contribuíam para esse resultado, sem ver na antítese que se impõem uma qualidade que as exclua como indivíduos válidos, interessantes e importantes na edificação do meu Eu, já que afinal amar, tal como o descrevo inicialmente, é o sentimento que mais nos eleva como humanos.»
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