Depois da pastinha da moda e da caneta da praxe ou dos briq-à-braq típicos das conferências médicas, sou assaltado pela refrescante ausência dos abutres farmaceuticos que normalmente rondam estes eventos tentando impingir a droga XPTO que traz apenas um novo excipiente que confere ao novo fámaco um excelente sabor a cera de ouvido... sorriu no encontro de colegas meus, hoje no alto comando da academia de alunos internos cujas raizes protestantes se recusam a desaparecer mesmo com a proximidade do mundo laboral.
É no entanto esperada uma boa dose de auto-promoção do CESM, que de certa forma pode ser positiva, afinal o aletargado bicho estudioso que é o estudante de medicina vai cair de cú quando se se vir no meio do mercado laboral sem conhecer os sindicatos (teóricamente os representantes máximos dos seus direitos&deveres). Enfim é certo que será instrumentalizada esta conferência, mas pelo menos por um bom motivo.
(acreditem aqui a imagem do boneco é mais do que propositada)
As apresentações sucedem-se e a mais curiosa de todas esta tarde é a apresentação do que é a Med Militar...quem viveu em España ou conhece a história contemporânea do país não poderia deixar de rir quando ouviu o encarregado da secção de recursos humanos do exército, já que este parecia uma personificação da esganiçada e efeminada voz do General Franco esse ditador que conduziu os destinos de Espanha com punho de ferro e voz de adolescente histérica à porta de um concerto dos N'Sync. O esforço maio durante a sua exposição foi de apresentar a imagem de médicos missionários de paz, coisa que não se enquadra com a visão que me ofereceram há um ano num blog sobre saúde no exército (do qual não recordo o nome, Javier se te lembrares comenta p'aí) em que os médicos eram metidos em jeeps armados até aos dentes, com uma companhia de yankees drunfados em tudo o que pudessem deitar a mão para atenuar o medo e o stress de passear nas ruas armadilhadas do Afeganistão. Mas pronto... ainda houve alguem que lhe perguntou como é que poderia considerar missões humanitárias sendo estas por definição ajuda a civil por um civil e depois como se garantiam os direitos das mulheres como as que estão grávidas e etc... que propocionaram algumas respostas mais tensas, mas de resto bastante normal! O salário é calculado de acordo com o teu posto, tens um contrato de permanencia de 5 anos pós-formação, és obrigado a participar em missões "a demanda" de 6 meses no máximo, tens formação militar em qualquer dos três ramos das forças armadas passando obrigatoriamente por uma escola especializada, mas que te dá a oportunidade de alcançares três especialidades médicas raras e bastante interessantes (Medicina acuática & Hiperbárica, Medicina Aeroespacial e outra que não me lembro) Naturalmente não oferta todas as especialidades, mas é uma opção viável se não tens grandes planos de sedentarismo e gostas de todo a parafernália que ronda o tema Militar.
Hoje ainda passaram revista Med Desportiva, cujo conteúdo mais interessante foi a divulgação do site da FEMEDE (Federación Española de Medicina Deportiva)que deixo aqueles que como eu até se interessam pela área
(FEMEDE); de notar que é uma especialidade cuja residência/internato não é remunerada (aqui em Espanha) e que pode ser feita como curso independente sob o pagamento de uma exorbitância às três escolas que a impartem deste lado da fronteira...isso sim é super reconhecido lá fora.
Medicina Forense (rama da Med Legal) também esteve por cá a entusiasmar-nos com uma versão realista desses CSI's de trazer por casa embrulhadas nos requisitos legais para acedermos a essas vagas, que se obtêm por concurso público e não pelo MIR, como o resto das especialidades.
Médicos sin Fronteras, (ONG) teve a apresentação mais comentada e interessante do ponto de vista interactivo, já que foi dada pelos nossos colegas que na faculdade representam esta organização...para os que não sabem é uma excelente opção, mas implica especialidade própria (as mais procuradas por estes são Med.Interna, Pediatria, Cirurgia Geral, Anestesiologia e Traumatologia/Ortopedia) e pelo menos 2 anos de experiência (contam os anos que estiveste a tirar especialidade) antes de poderes embarcar numa aventura destas.
Interessante...a sério, mas só depois virá o prato forte, como escolher uma especialidade...agarrem-se até ao próx post :)