O que queres ser quando fores grande?! Parte III
Quem diria post sobre medicina no meu blogue :)


Como tenho vindo a contar assisti a umas jornadas de orientação profissional e curiosamente tive de esperar ate ao último dia para que me iluminassem o obscuro processo de selecção de especialidade, obrigando-me a colacar mais variáveis na hora de decidir, mas no fundo (e como em todos os algoritmos de decisão) acaba por aclarar ou diminuir alguns factores de confusão, que influenciam na decisão de um futuro profissional
 Espero que por um lado a colagem de ideias que constitui os apontamentos que tomei durante a conferência não constitua plágio uma vez que a senhora da palestra se mostrou muito territorial com as suas ideias, mas ainda assim espero que possa servir para alguma coisa aos que por aqui passem.

Primeiro é preciso ter um método...ora uma das coisas mais porreiras que a senhora expôs foi o método de pré-seleção de especialidades em 10 passos. Ninguém duvida que não se deve (pode) ir para a seleção com apenas uma especialidade, ou um sítio para exercê-la, devemos elaborar uma pequena (enfatizando a palavra pequena no seu máximo expoente) porque se trata de ter alguma alternativa não de abarcar tudo.

Como fazer essa lista??? Cá vai!

  1. Elaborar uma lista con as especialidades que NUNCA estarias disposto a fazer...Parece óbvio mas o mais importante é tirar palha do meio..quanto antes melhor! Podem ser médicas, cirúrgicas ou médico-cirúrgicas, o importante é ter claro que são aquelas que nem que te pagassem a rodos acabarias por fazer, se existir a menor possibilidades de que as aceites não as coloques aqui
  2. Agora vamos explorar as nossas aptidões e atitudes...podes cingir-te ao algorritmo acima expuesto ou podes analizar amplamente a tua filia pelo bloco, a tua ânsia de intervir, ou a capacidade para não dormir, o objectivo último é decidir médicas vs cirúrgicas e eleger pelo menos uma, máximo três que gostarias de fazer dentro dessas duas áreas
  3. Agora é questão de baralhar as hipoteses médico-cirúrgicas, que uma vez que estão a cavalo entre uma e outra são uma dor de cabeça para descartar ou incluir... no entanto pensa no que te interessam especialidades como a Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Dermatologia, Gineco-Obs, Oncologia ... escolhe duas que te entusiasmem
  4. Por estas alturas devemos ter uma lista com as impossíveis, as prováveis e as que talvez...
  5.  Ordena as especialidade que escolheste por ordem decrescente em menos de 10'' tudo o resto será demasiado pensado e impedirá uma escolha.
  6. Agora começa o bonito...tens que começar a fazer as perguntas dificeis...estás disposto a deixar a tua cidade ou não? Isto coloca sobre a balança a questão dos amigos, familia, casa, namoradas,...
    Se a resposta for sim então prepara-te para aguentar a bronca e escolhe 3 lugares que por motivos académicos, afinidades ou por pura possibilidade possam ser destinos preferenciais para o teu internato
    Se a resposta fôr não aguenta-te à bronca e prepara-te para morderes as unhas na sala onde se escolherem as vagas ao compasso das que fores vendo serem preenchidas no sítio de onde és :) confere a tua lista de preferencias e elimina qualquer especialidade que não se encontre disponível na tua zona de residência
    Neste ponto é também importante decidir que tipo de Hospital é aquele onde vamos estar, uma vez que a experiência é diferente segundo o tipo de centro em que estamos...hospitais pequenos representam uma mais valia para as valências generalistas uma vez que o leque de acção é maior (há menos especialistas), mas a falta de meios faz com que sejam limitadas as valências mais técnicas; os hospitais grandes é precisamente o contrário mas em ambas as áreas os pacientes chegaram super filtrados pelo que o mesmo que o torna interessante (casos raros) vai fazer dele monótono.
  7. A partir daqui toca a trabalhar! É vital contactar Internos de 2º ano que possam orientar-te sobre o futuro da especialidade e Internos de último ano para termos uma perspectiva sobre como é a especialidade no ambito global
    Contudo devemos evitar os extremos que viciam a informação...não perguntar ao típico interno neuróticom a ponto de começar a matar pacientes para que finalmente possa dormir, nem ao interno optimista para o qual tudo são flores num claro sinal de que ou está a fazer dermatologia ou assaltou o armário dos psicotrópicos! Opinoes tranquilas e fundamentadas costumam andar muito próximo da verdade, pelo que deves basear-te nessas.
    Alguns aspectos a ter em conta:
                           Salário,
                           Onde se rota durante o internato,
                           Implicação,
                           Urgências (24h),
                           Obtenção de competências
                           Ambiente de serviço
                           Aspectos de referencia en patologia (protocolos seguidos e afins)
  8. Se escolheste cirúrgicas o mais importante é escolher um hospital onde te deixem meter mãos à obra, que é como mais se aprendem, onde se opere muito e de preferencia patologias estranhas, estes são por definição os hospitais de nivel 3. Aqui os internos entram às patadas e por muito chato que sejam os assistentes o volume de trabalho fará com que tenham que meter mãos ao trabalho ou pelo menos estar a fazer algo mais produtivo do que consumir oxigénio na sala de operações até que saiba de cor a intervenção ou segurar paredes enquanto conta as gotas que saem dos drenos de cada um dos post-operados. Aprende a jogar algum desporto , compra um carrão ou simplesmente mete um par de meias dobrado nas calças/soutien, porque é certo e sabido que os cirurgiões têm o complexo de Deus (tou a brincar...too much "Scrubs" into this mind!) De qualquer das formas eu já tou preparado, aprendi a jogar Basket, tenho um VolksWagen de 1989 (um autentico vintage car) e as pessoas continuam a dizer que tenho metida nas calças um que outro par de meias (mas isso...não interessa nada)
  9. Se escolheste médicas (primeiro bem-vindo ao clube), o melhor é contactar o staff do sítio (sim certamente serão uns freaks como tu que te dedicas a ver blogs na internet para saber para onde virar-te e partilharam contigo avatares para os forums onde mais podes aprender :p) para onde vaus via internet e cruzá-lo com bases de dados médicas internacionais para ver o nível de investigação que por aí se cozinha caso tenhas na mira um doutoramento... Se se tratar de uma especialidade técnica, serviços grandes, e de uma generalista hospitais de media dimensão onde acabarás por apanhar tudo o que não houver mais ninguém que faça no hospital (tipo Med Interna em Guimarães onde até as biopsias ósseas é o internista que faz)
  10. Procura saber quem são os teus colegas para saber se o relevo geracional permite a que optes por continuar nesse hospital uma vez terminada a especialidade (ai é...não te esqueças que depois da especialidade tens que "buscarte la vida")
  11. Finalmente o aspecto mais importante...tem em conta que deves escolher uma especialidade que te motive para o estudo contínuo e que o dia-a-dia laboral seja agradável con um ritmo de vida que estejamos dispostos a seguir. Se possível imiscuam-se nos serviços dos hospitais onde gostariam de trabalhar pois não há nada como a observação directa
Em suma há muita especialidades que são interessantes no papel, mas que acabam por ser monótonas por isso têm atenção...experimenta e escolhe com calma porque a pergunta mais dificil do acesso à especialidade é a 101ª, mas a essa tens pelo menos 40 anos para responder!

Ainda há mais mas vai ficar para outro post
    2 Responses
    1. Bastante interesante.

      Y ya puestos, "actualiza" mi blog, y ponle la dirección correcta, en tu lista de blogs... jejeje.

      Que ya no es la misma dirección que antes, y ahora mi antigua dirección lo tiene otro... jejeje.


    2. LA Says:

      Quem odeia miúdos não pode ir para Clínica Geral, vai para Medicina Interna! É difícil escolher uma especialidade mas o segredo mesmo é experimentar e ver qual é o que nos tira da cama de manhã com mais facilidade.
      Boa tentativa de simplificar o que é por natureza complicado. É outra vez a verdadeira decisão de uma vida.


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